CLÁUDIO JOSÉ ALVES DE SENA, natural de Soledade, município de Apodi/RN, nasceu em 06/02/1977, porém, pela certidão de batismo veio ao mundo oficialmente em 25/12/1977. Morou por seis anos no Sítio Lagoa do Clementino, conhecido também como “Poço do Isauro” e regressou definitivamente após esse breve período a Soledade.

Seu contato com as pinturas rupestres do Lajedo de Soledade ocorreu ainda criança quando admirava os “letreiros” e ouvia os mais velhos dizerem que eram pinturas feitas pelos “índios” há 300 anos. Em 1991, geólogos auxiliados por um projeto financiado pela PETROBRÁS, entre os quais, Eduardo Bagnoli, começaram a visitar a área do Lajedo e isso despertou no menino Claudio o interesse em conhecer mais sobre a região. Desconhecia as ações anteriores do pároco de Apodi Pe. Pedro Neefs e de Maria Auxiliadora (Dodora), advogada apodiense, ambos defensores iniciais da preservação dos “antigos letreiros do Lajedo”, no passado, invariavelmente ameaçados pela extração da cal e pelo desconhecimento popular. Lembra que à época foram realizadas palestras para a comunidade de Soledade explicando sobre os benefícios posteriores consequentes da salvaguarda daquele conjunto ímpar de testemunhos culturais e naturais do Neolítico. Uma das primeiras iniciativas do projeto foi a seleção e capacitação de “guias-mirins” e a construção de um museu para exposição de artefatos arqueológicos recolhidos nas áreas delimitadas pela maior concentração de vestígios humanos. De um grupo inicial formado por 30 a 40 meninos, continuaram apenas 11, Claudio seria um deles e logo começou a atuar com guiamentos pelo Lajedo, atividade que desenvolve ainda hoje juntamente com a produção artesanal.

O menino Claudio cresceu, casou e teve dois filhos, tornou-se servidor da Prefeitura de Apodi trabalhando meio expediente como auxiliar de serviços diversos na Escola Municipal Francisco Targino da Costa em Soledade, atividade conciliada com o serviço de orientador turístico, buscou no artesanato uma alternativa para complementar a renda mensal pois somente o salário de servidor e os guiamentos irregulares não eram suficientes para sustentar a família.

O envolvimento definitivo com a arte foi resultante de um contato com o artista plástico Ricardo Veriano entre 2003-4, quando nesse período, foi sugerido aos moradores de Soledade, através de oficinas, a pintura de réplicas das imagens rupestres do Lajedo visando criar um produto diferenciado, com identidade regional. Claudio não foi dos primeiros a se envolver com o fazer artesanal, só começou a praticá-lo quando as primeiras desistências surgiram. O suporte empregado para suas criações são rejeitos de pedras calcárias descartadas pelas caieiras que atuam há décadas na região para a produção da cal. Se especializou na produção de objetos utilitários e decorativos como chaveiros, porta-lápis, pesos de papel e pedras ornamentais de pequenas e médias dimensões. 

Internalizou de modo admirável e reproduz em suas peças um repertório particular constituído pela maioria das imagens presentes nos painéis rupestres originais do Lajedo descritas em detalhes pelo artista/artesão, alternadas eventualmente por criações próprias resultantes de combinações entre imagens já existentes, entretanto, as figuras da arara e do sol são preferenciais. O primeiro trabalho de sua carreira em grandes dimensões foi realizado em novembro de 2012 interferindo artisticamente em cinco pedras dispostas na área do Cactário do IFRN à frente do Câmpus Apodi. 

Numa comunidade sem tradição artesanal, atualmente, Cláudio é um dos raros artesãos que ainda mantém o trabalho iniciado no referido contexto da década de 1990, combinando a produção artesanal com os guiamentos no Lajedo. Essa continuidade é justificada por ele como uma paixão, um forte envolvimento pessoal que o vincula diretamente à história do Lajedo e da própria comunidade de Soledade onde vive. Além da pintura rupestre contemporânea produz em menor quantidade cabaças pintadas e chocalhos.

Fonte: http://portal.ifrn.edu.br/ por Claudio Sena e Nilton Xavier